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português para alemão: Marie Louise e o canibalismo da ganância.
Texto de origem - português Marie Louise e o canibalismo da ganância.
"Para se combater um monstro é preciso aprender a ser monstro"
Sobreviver quando se poderia viver é terrível. A circunstância incômoda se levada a sério se opõe a todos aspectos de sentimentalismo. Alguns procuram escapar da emboscada a qualquer preço. Mas o que sucede quando o desespero se excede e o indivíduo empresta ênfase a qualidades perniciosas? No caso de Martin Hutter, a situação se agravava. Possuía caráter deplorável, ainda era um homem com idéias e coragem suficientes para colocá-las em prática.Um egocêntrico, louco perigoso e sem escrúpulos. Assim, teve início um pesadelo sem limites.
Até que ponto pode chegar a falta de escrúpulo?
Realmente nunca se sabe. Mas é na ausência dele que surge a história decadente de uma família de arrepiar os cabelos. Um livro pavoroso, embora fascinante. Repleto de artimanhas e envolvente, bem concebido, arquitetado a precisão de teias de aranhas. Já nas primeiras cinqüenta páginas, interrogamo-nos se poderá haver mal maior ao daquele observado nas precedentes. Porém, existe; nada é perdoado nesse livro aterrador. É exatamente o que assusta nele; a autora é implacável. Sobretudo, considerando o parecer da visão atual, onde o conceito se propaga na base do aforismo de que “o malvado realiza aquilo que o bondoso sonha”, Marie Louise ganha especial preponderância. Portanto, o tão apregoado bem nesse mundo nunca existiu, em razão de se pecar também por pensamento. A metáfora do bem é cortada imediatamente na primeira página, sem preâmbulos, com o bondoso comissário ali presente, portador de uma suspeitosa notícia de morte.O mal é o início que se revela conseqüente, afastado de clichês. Logo, conta-se com a inocência, visto que a escritora nos constrange a pensar no pior a partir daquele instante, e ainda temos 463 páginas pela frente. O semblante constante dessa afiguração maligna espalha-se no ar que respiramos, em cada página folheada, parece uma praga simbólica incutida na cabeça, propositadamente, especialidade das religiões. Enfim, somos obrigados a reconhecer que todos possuímos certa parcela dele correndo nas veias. No livro, ele recebe um nome bastante popular, chama-se ganância; a Aids que vive matando milhões de seres neste planeta. A antiga alegoria referente aos sete pecados capitais revela-se uma brisa tépida, se comparada aos gigantes da índole moderna. Em Marie Louise, adquirimos noção real a respeito dos Golias que enfrentamos, cujos pesadelos semeados estamos expostos diariamente, superando tudo que até o momento presenciamos ou ouvimos falar a respeito da decadência do caráter humano.Afinal, a gula comparada à crueldade, é uma criança recém-nascida, inofensiva, incapaz de mover-se. A preguiça, frente ao egoísmo, é um mosquitinho, nem sequer incomoda. Finalizando, luxúria,equiparada à inveja ou indiferença, é pálida, parece um boneco de cera. Os profetas organizadores desses mandamentos ignoraram á tendência do mundo em constante movimento, á procura de atualizar formas. Entretanto, é chegado o momento de estabelecer uma nova tabela, substituir os tão superados e inócuos pecados capitais. Tomando os moldes dos antigos critérios, Marie Louise jamais estaria em condições de assustar sequer um camundongo. Foi necessário buscar a escória da terra para escrever um livro desse caráter, cujo modelo de procedimento humano em determinadas circunstâncias, convence plenamente.
Tradução - alemão Marie Louise und der Kannibalismus der Gewinnsucht.
„Wer gegen ein Monster kämpfen will, muss lernen, selbst Eins zu sein“
Es ist schrecklich nur zu überleben, wenn man doch eigentlich leben könnte. Eine ernst genommene unbequeme Voraussetzung widersetzt sich jeder Art von Sentimentalismus. Manch einer versucht, der Falle um jeden Preis zu entgehen. Aber was geschieht, wenn die Hoffnungslosigkeit überhandnimmt und der Mensch gefährlichen Charakterzügen Nachdruck verleiht? Im Fall von Martin Hutter verschlimmerte sich die Lage. Er besaß einen erbärmlichen Charakter, noch war er ein Mann mit Ideen und ausreichend Mut, diese in die Tat umzusetzen. Ein Egozentriker, verrückt, gefährlich und ohne Skrupel. Das war der Anfang eines unendlichen Albtraums.
Wohin kann Skrupellosigkeit führen?
Das kann man nie genau wissen. Aus eben dieser Skrupellosigkeit geht jedoch diese dekadente und haarsträubende Familiengeschichte hervor. Ein grauenvolles Buch und doch faszinierend. Voller List und sehr umfassend ausgelegt, mit der architektonischen Präzision eines Spinnennetzes. Schon nach den ersten fünfzig Seiten fragt man sich, ob das bereits Geschilderte noch übertroffen werden kann. Ja, es kann! Nichts wird in diesem niederschmetternden Buch vergeben. Und genau das ist das Erschreckende daran; die Autorin ist unerbittlich. Besonderes Gewicht gewinnt Marie Louise unter Berücksichtigung der aktuellen Sichtweise, nach der sich das Konzept aus dem Gedankensplitter ausweitet, dass „der Böse tut, wovon der Gute träumt”. Demnach hat das ach so gepriesene Gute in dieser Welt, aufgrund der in Gedanken vollzogenen Sünde, nie existiert. Die Metapher des Guten wird gleich auf der ersten Seite ohne jegliche Vorankündigung zunichtegemacht, und zwar durch einen gütigen dort anzutreffenden Kommissar, dem Überbringer einer verdächtigen Todesnachricht. Das Böse entfaltet sich als Konsequenz daraus, losgelöst von allen Klischees. Folglich rechnet man mit der Unschuld, da uns die Schriftstellerin dazu zwingt, von dem Augenblick an mit dem Schlimmsten zu rechnen, und dabei haben wir noch 463 Seiten vor uns. Das Angesicht dieser ständigen bösartigen Vorstellung, die sich in der Luft, die wir atmen, ausbreitet, auf jedem gewendeten Blatt; sie erscheint eine absichtlich in den Kopf eingeflößte symbolische Plage, eine Spezialität der Religionen. Schließlich müssen wir erkennen, dass auch in unseren Adern ein bestimmter Anteil davon fließt. Im Buch erhält es einen ganz gewöhnlichen Namen: Gewinnsucht; ein Aidsvirus, das auf diesem Planeten lebt und Millionen Wesen tötet. Das alte Sinnbild der sieben Todsünden entspricht einer lauen Brise, verglichen mit den Schweren der modernen Zeit. Durch Marie Louise bekommen wir eine Ahnung von den Goliaths, denen wir entgegentreten, deren ausgesäten Albträumen wir tagtäglich ausgesetzt sind, alles überwindend, was wir bis zu dem Moment erleben oder auch nur von der Dekadenz des menschlichen Charakters hören. Die Gefräßigkeit ist, verglichen mit der Grausamkeit, ein neugeborenes Kind, hilflos, unfähig sich fortzubewegen. Die Faulheit ist gegen den Egoismus eine winzige Mücke, die nicht einmal stört. Die Zügellosigkeit schließlich ist, verglichen mit dem Neid und der Gleichgültigkeit, bleich und ähnlich einer Wachspuppe. Die Propheten dieser Gebote ignorierten die Tendenz der Welt, die sich in ständiger Bewegung immer auf der Suche nach aktualisierten Formen befindet. Mittlerweile ist der Augenblick gekommen, neue Maßstäbe anzulegen, die die überholten und harmlosen Todsünden ersetzen. Die Rahmen damaliger Kriterien wäre Marie Louise nicht mal in der Lage eine Maus zu erschrecken. Um ein Buch mit diesen Eigenschaften zu schreiben, musste erst der Abschaum der Erde hervorgeholt werden, und das Modell der menschlichen Vorgehensweisen unter bestimmten Umständen ist hier vollkommen überzeugend.
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